terça-feira, 14 de outubro de 2008

O SER HUMANO E A MÁQUINA

Taí!
Muita gente já deve ter falado nisso. Assunto mais do que batido. Mas se você for interessado talvez tenhamos algo a discutir.

Vivemos cercados de máquinas. Máquina de roupa, de comida! Máquina de ar, máquina de pensar. Tudo feito por nós. Não queremos que elas errem. Buscamos a perfeição que não temos no produto que fazemos.
Quais seriam as consequências desse reflexo? Seríamos realmente capazes de fazer algo melhor do que nós? Eu acredito que sim! Acho que podemos discutir isso agora.

Uma máquina, poderíamos dizer, é um conjunto de componentes mecânicoeletroeletrônicos (alguém discorda ou já viu algo diferente disso?).
Ou um amontoado de coisas que fazem aquilo que gostaríamos que fizessem (ou não...).
Em ambas as óticas, totalmente desprovida de vida. Esta última disponibilizada à coisa apenas sob nossa intervenção.
Compreendeu? Eu exemplifico, então. Suponha um um mísero abridor de latas. Coisinha interessante! Um objeto metálico retorcido capaz de abrir uma lata dependendo da forma como o manipulamos. Sim!!! Conseguimos abrir latas!!! Aí vem uma festa decidida em cima da hora e na busca da praticidade você decide fazer aqueles aperitivos vulgarmente chamados de "sacanagem" (para quem não sabe, um monte de petiscos espetados em um palito de dentes). Muito prático, não sendo o fato de ter que abrir uma dezena de latas... Aí você pensa: "ai, como seria bom se tivesse uma máquina que abrisse essas latas apertando-se um botão!!!". Pronto!!! Lá está você inventando moda!!! Inventando? Será que na indústria não existe algo parecido ou que possa ser adaptado? Sei lá!!! Deve existir!!!
Pois bem. Nos menores detalhes queremos algo melhor que nós mesmos. Se você não consegue imaginar uma máquina dessas, não precisa. Alguém o fará caso haja a chamada demanda para o produto. Mas esse é outro assunto...

Para poupar algumas linhas aqui, serei mais direto. Fazemos coisas para melhorarem nossa qualidade de vida. Para que nem corpos nem mentes sejam demasiadamente utilizados. Queremos comodidade!
Ah!!! Já que é assim, então essa máquina poderia ser logo capaz de atender a um chamado e resolver tudo...!! O que? Você quer um autômato? Um robô? Está bem!!! Pensaremos em um. Quer que ele atenda seu telefonema pedindo urgência e qualidade nas guloseimas? Ok! Vamos trabalhar para isso.

Vocẽ agora é um cientista, vários cursos afora. Sabe tudo de Engenharia. Especializou-se em inteligência artificial... Existe isso?
Claro que sim! Ou você acha que iríamos retirar o cérebro de um humano (ainda vivo...) e transplantá-lo para sua maquininha?!!? Na verdade você quer que ela pense para você. Mas o que é pensar?
Me perdoem os filósofos de platão (digo, plantão...), mas para mim, pensar não passa de algumas milhares de micro-decisões entre o sim e o não, o zero e o um, o positivo e o negativo, ou qualquer outra representação binária que desejar. Ao final desse turbilhão de micro-decisões um grupo delas prevalesce e agimos sob tal efeito para realizarmos o que queremos. Incrível mesmo!!! Aliás essa tal de inteligência de lata tem estado na nossa vida há muito. Não cansamos de apertar botões e sermos corroborados em nossos desejos.
Cansei do computador hoje. O que faço? Aperto o botão de desligar e vejam!!! Ele desliga!!! Mas ele estava baixando umas músicas enquanto processava meu lindo trabalho de decoração de uma foto!! Não importa! Prevaleceu seu desejo de desligar a máquina a despeito do que ele estava realizando. Sua máquina entende que aquele botão apertado é mais importante que qualquer outra coisa.
Mas você é um grande cientista. Você produziu isto desta forma segundo seus desejos ou da chamada demanda. Aliás, já que precisam tanto desta máquina, por quê querer desligá-la? Eu sei do que você precisa, as demandas apontam para isso. Deixa sem botão mesmo, combinado? Combinado! Mas coloca mais algumas coisinhas nela. Estou querendo exibir umas fotos que tirei na minha formatura (faz tantos anos...), falar com uma amiga que viajou para o Kazaquistão, escrever minhas opiniões para os outros lerem e blah, blah e blah...
Nossa!!! Que máquina nós temos!!! Agora também estamos ganhando de presente um aparelinho bonitinho que de tão pequeno e prático, vamos até o banheiro com ele para falar em particular com a pessoa amada... Que grande cientista você é. Conseguiu fazer coisas que vencem nossos limites. Somos os máximos!!

Para onde caminhamos? Da forma como evoluimos breve teremos algo que faça tudo por nós. Estamos muito perto da máquina que anda, que lhe comprimenta, que atende suas ordens de acordo com a entonação de sua voz... Ou seja, que toma micro-decisões baseadas em estatísticas comportamentais. Seria ela capaz de se emocionar? Quem sabe no próximo bate-papo possamos chegar a uma conclusão baseados em micro-decisões?